2.10.13

Uma espécie de crepes

A primeira vez que experimentei um crepe, foi a minha madrinha que me deu a provar. Ela sempre foi e ainda é uma boa cozinheira, e enquanto foi vizinha dos meus pais na minha infância, pode-se dizer que foi a responsável, pela minha primeira vez, em imensas coisas relacionadas com comida! 
Claro que toda a família gostou imenso dos crepes, pelo que a minha madrinha escreveu a receita num papelinho para que nós pudéssemos reproduzi-los em casa. A minha mãe e a minha tia, cozinheiras habituais lá de casa, sempre foram avessas a fazer experiências culinárias, pelo que foi o meu irmão mais velho, o cozinheiro de serviço na tentativa de fazer crepes (acho que ele já estava farto de me ouvir a pedir crepes!). Os primeiros 3, 4 crepes que ele tentou fazer, não se aproximaram muito do aspecto que um crepe deveria ter, mas assim que ele lhe apanhou o jeito, foi giro de se ver! As manobras de lançar o crepe no ar para virá-lo, arrancavam-me gargalhadas quando falhavam, ou júbilo e admiração quando aterravam perfeitamente na frigideira. Sim, o meu irmão aperfeiçoou muito bem a sua técnica, quase parecia um profissional! Durante uns tempos, fizeram-se e comeram-se bastantes crepes na minha família, até que a moda do crepe passou, a minha madrinha mudou-se para a cidade, o papelinho da receita desapareceu, e assim passaram-se anos, sem os crepes fazerem novamente uma presença lá por casa!
Quando estava numa fase adiantada da adolescência, e na posse há já alguns anos do meu único, na altura, e fiel livro de cozinha, "O Tesouro das Cozinheiras" de Mirene, e com o qual tinha vivenciado uma série inesquecível de aventuras e desventuras culinárias, (muitas em parceria com a minha prima Isa), deparei-me com uma receita com o título de panquecas, cuja confecção me fazia lembrar os crepes, e que até então nunca tinha reparado. Isto de reler livros de culinária, e encontrar sempre algo novo, ainda me acontece hoje em dia!
Claro que fui experimentar. O início, não foi bom! A minha mãe até pôs-se a dizer que as galinhas iam ficar regaladas com a comida nova, pois cada tentativa de crepe ia parar ao lixo! Quando estava a iniciar a minha fase de desespero e frustação, (fase em que aconselho que ninguém fale comigo!) resolvi acrescentar mais leite à mistura, pois achava-a um bocado densa, o que dificultava a parte de espalhá-la rapidamente pela frigideira. Depois desse passo mais que acertado, finalmente consegui cozinhar o meu primeiro crepe, e mais se seguiram, até ficar com uma pilha interessante deles. Num instante desapareceram, e não, não foi no estômago das galinhas!
Desde então, e apesar de hoje em dia eu ter a perfeita noção da diferença em termos culinários entre crepes e panquecas, essa receita foi e continua a ser a minha escolhida sempre que quero tenho vontade de fazer crepes! É um tanto estranha, esta minha teimosia, em não experimentar a "verdadeira" massa de crepes, tanto mais, que eu adoro experimentar variações das receitas. 
Mas talvez, seja precisamente as memórias adjacentes a esta receita, que no momento de "colocar as mãos na massa", me faça invariavelmente voltar a ela. Foi o que aconteceu neste fim de semana, com o forno da casa dos meus pais avariado, tive o pretexto (como se eu precisasse de muitos pretextos!) para me perder nas memórias que estes crepes me trazem e partilhá-los, os crepes e as memórias, com a minha sobrinha, descendente do meu irmão mais velho, primeiro cozinheiro de crepes da família, e que foi a ajudante desta cozinheira, na confecção dos mesmos. E assim de um modo natural, surge mais uma memória especial inerente a esta espécie de crepes!


E é com esta receita, que me desperta imensas memórias, que participo no desafio que a Maria lançou no seu blog Limited Edition e que podem ver em pormenor aqui.

Panquecas Para mim e para sempre, os meus crepes
adaptado do livro "O Tesouro das cozinheiras" de Mirene 

200g de farinha 
2 colheres de chá rasas de fermento
1/2 colher de chá de sal
2 ovos
2 chávenas de leite
30g de manteiga amolecida

Bater as claras em castelo.
Juntar a farinha com o fermento e o sal.
Adicionar aos poucos, o leite, as gemas e a manteiga, batendo sempre. Por fim, juntar as claras em castelo, misturando tudo bem. Esta massa não precisa de descansar.
Aquecer uma frigideira, de preferência anti-aderente, e untada com óleo ou manteiga. Deixar aquecer bem.
Com o auxílio de uma colher sopeira, deitar a massa na frigideira, e rodar rapidamente a mesma, de modo a que a massa alastre preenchendo o fundo todo. 
Logo que tome cor, e as pontas começarem a levantar, voltar o crepe até ficar dourado de ambos os lados.
Rechear a gosto, e servi-las enroladas ou dobradas em triângulos.


Aqui por casa, foram ao gosto do freguês, algumas foram recheadas com doce de morango, outras com açúcar e canela, outras com chocolate.


Se não quiserem derreter grandes quantidades de chocolate, podem optar pela versão rápida. Colocar o crepe aberto, coberto com raspas de chocolate, durante uns 20 segundos no micro-ondas, enrolar e saborear!

2 comentários:

  1. Crepes ou panquecas têm um aspecto delicioso! Eu agora ja um, ok dois, ao pequeno almoço! Obrigada pela tua participação com a tua receita especial e com as memórias de quem é uma verdadeira apaixonada por crepes! Beijinho

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  2. Que delicioso aspeto!
    Kiss, Susana
    Nota: Ver o passatempo a decorrer no meu blog:
    http://tertuliadasusy.blogspot.pt/2013/10/dia-um-na-cozinha-e-escolha-do.html

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