Por vezes a vida é cheia de coincidências. Até ontem não conhecia este provérbio. As Favas, Maio as dá, Maio as leva. Mas no dia em que resolvi fazer esta receita, ouço na rádio alguém a falar de quanto gosta de favas e a dizer o provérbio.
No fim de semana passado a minha mãe perguntou-me, "Tu agora gostas de tudo, não queres levar umas favas para cozinhar?". (Sim, eu agora como de tudo, mas até à poucos anos atrás eu era muito esquisita com a comida, principalmente os vegetais. Não é de admirar que os meus filhos também o sejam!) Claro que quero, disse eu! Por isso lá viajaram connosco uma enorme quantidade de favas, às quais eu tinha de arranjar algum destino. Algumas foram para o congelador, portanto elas vão durar mais do que Maio na minha cozinha, e outras foram para um dos pratos vegetarianos que fiz esta semana, hambúrgueres de favas.
Como diz o provérbio, Maio daqui a pouco termina, e lá se vão as favas, e talvez até quem não aprecie este muito mal-amado legume, comece a olhar para ele de outro modo, se o experimentar deste modo.
Eu tive alguns problemas com esta receita, não tinha as quantidades de todos os ingredientes que precisava, e estava com alguma pressa, por isso no caminho fiz alguns erros, que na próxima já não irei repetir. Porque esta receita vai ser repetida cá em casa, dado que mesmo com os meus percalços, toda a gente os comeu e apreciou.
Hambúrgueres de favas
adaptado do livro O Novo Vegetariano de Yotam Ottolenghi
3/4 colher de chá de cominhos em grão (usei moído)
3/4 colher de chá de coentros em grão
3/4 colher de chá de sementes de funcho
225g de espinafres (usei 130g, pois era o que tinha em casa)
3 colheres de sopa de azeite
500g de favas, frescas ou congeladas (usei 400g)
350g de batatas, descascadas e aos cubos (usei 290g)
1/2 malagueta verde fresca, sem sementes e picada finamente
2 dentes de alho, esmagados
1/4 colher de chá de açafrão-das-indías moído
3 colheres de sopa de coentros picados (usei salsa)
40g de pão ralado
1 ovo de galinha criada ao ar livre
sal e pimenta
1/2 chávena de farinha (não consta da receita, usei eu)
120ml de óleo de girassol (não usei)
Coloque as sementes inteiras numa caçarola e toste-as em lume forte por 3/4 minutos, ou até começarem a libertar os aromas. Reduza a pó num almofariz e reserve. (Como só tinha cominhos moídos, juntei essa parte directamente no almofariz.)
Murche o espinafre numa caçarola com uma colher de sopa de azeite. Quando lhe puder mexer, esprema todo o líquido, depois corte grosseiramente e reserve.
Branqueie as favas em água a ferver por cerca de um minuto, escorra e refresque em água fria corrente. Quando lhes puder mexer, retire a pele e deite-a fora.
Coza as batatas em água a ferver por 15 minutos, ou até estarem tenras. Escorra e coloque numa tigela. Junte-lhe imediatamente as favas descascadas, as sementes moídas, a malagueta, o alho, o açafrão, as restantes 2 colheres de sopa de azeite e um pouco de sal e pimenta. Use um esmagador de batata para esmagar tudo grosseiramente; não se preocupe se algumas favas não ficarem totalmente esmagadas. (Como eu não queria que se notassem pedaços de favas, devido aos esquisitos do costume, então resolvi colocar na bimby e misturar uns segundos na velocidade 5, grande erro! Esqueci-me das batatas cozidas, e essa velocidade fez com que a massa ficasse elástica, o que não era o objectivo!)
De seguida, junte os espinafres, os coentros picados e o pão ralado. Prove para verificar os temperos. Por fim, misture o ovo. (Devido ao erro que mencionei, resolvi acrescentar farinha para eles ficarem numa consistência que me permitisse moldá-los.)
Molhe as mãos e molde a mistura em bolinhos com cerca de 5 cm de diâmetro e 2 cm de espessura. Leve-os ao frigorífico pelo menos meia hora.
Para cozinhar, aqueça o óleo de girassol e frite os hambúrgueres em lume forte por 5 minutos de cada lado, ou até ficarem castanho-dourados. Eu optei, por grelha-los num tacho anti-aderente com 1 colher de sopa de azeite.
Servi-os com um acompanhamento que toda a gente adora cá em casa, arroz de feijão branco.
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